Morada


Sobre o livro

Morada, livro solo e de estreia de Catita, traz a potência e a densidade da escrita da mulher negra. A autora inova ao mesclar gêneros literários como poesia, conto curto e crônica, sem realizar a clássica divisão interna. Para dar ritmo à leitura, a escritora seleciona trechos de outras autoras: Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Mari Vieira, Marli Aguiar e Zainne Silva. Os poemas Cartão de Natal, Meu lugar e Todas poetas, publicados na antologia Cadernos Negros 41 – Poemas, também fazem parte da Morada. E podemos dizer que estamos diante de uma obra completa da escritora. Uma escrita de corpo inteiro, repleta e densa. Catita dá novo significado à palavra “porta”, como algo para refletirmos sobre as nossas conquistas pessoais e profissionais, no conto curto Portas: “A melhor ideia, de origem desconhecida: incrustar cada pessoa da sua coleção em uma porta. Quantas portas se atravessam em um dia? Um ano? Uma vida?”. A autora passeia por temas diversos: a ditadura militar – que pela segunda vez ameaça o país – como lemos em Declarações, poema inspirado na ativista política Amelinha Teles. No poema Ponto firmado: “Voz mulher / Voz negra / Voz lésbica / Voz doada / que arranca a mordaça / que quebra as correntes / que derruba os muros / que transpõe o morro”, Catita fala sobre o corpo, principalmente o corpo negro pleno e livre para ter o prazer de amar quem quiser, sem falsa moralidade. Em De manhã: “Na anatomia que recriamos / Tesoura / Dedos de valsa a samba / Vulvas úmidas / Quentes / Língua dentro-fora”, o amor a uma outra mulher, sem medo de ser feliz. Para dizer que em sua Morada moram outros amores, Catita termina o livro com o poema Eu te amo: “Amor Plural / Diverso / Pleno”. Todxs se sentirão amados quando lerem esse poema. Convido você a folhear este livro, porque aqui encontrará várias moradas. Qual Morada está dentro de você? Descubra a sua nesta. Boa leitura! – Esmeralda Ribeiro


De que é feita uma morada? De chão, de paredes, de teto, de janelas e portas. De tijolos, de cimento, areia e água, e de telhas. E também de carne e ossos, de sangue, de pelos e unhas. E de afetos. O que a Catita faz, em Morada, sem fórmulas óbvias, mas com uma ótima amarração entre os textos, é nos conduzir para a constatação do paralelo existente entre casa e corpo – ambos, moradas. O corpo, uma morada, principalmente, para quem é negro – constantemente, desterritorializado, ao léu, como a autora e todas as mulheres que participam da construção deste livro. O que podem, então, estas moradas juntas? Um levante. – Lubi Prates

Sobre a autora

Catita, mulher, negra, professora, pesquisadora, “escrivinhadora”, paulistana, filha, tia, amiga, amante... Prosa e poesia me germinam entrelaçadas. Escrevo porque me dói, escrevo porque me sereniza. Cotidiano, memórias, negritude e os sentimentos de meu mundo imaginário estão no blog letrascatitas.blogspot.com, em revistas eletrônicas e em antologias como Eu nunca tinha passado por aqui; Mulherio das Letras; Eu, curiosa? (Coleção Besouro Infanto-Juvenil) e Cadernos Negros 41: poemas afro-brasileiros. Idealizei e mantenho o evento virtual anual “À mesa negra”, o banquete literário novembrino. Sou cofundadora do coletivo de escritoras negras Flores de Baobá. Morada é meu primeiro livro solo publicado.




Morada
Catita
Gênero Poesia
Selo dandaras
Ano 2019
ISBN 978-85-54867-02-7
128 páginas


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